Em quatro anos, desde os "Morangos com açúcar", tudo se alterou na vida de Maria Monteiro, jovem nascida no Porto há 20 anos, protagonista de "Deixa que te leve"."Não mudaram os meus princípios", diz a actriz. "Mas mudou radicalmente a minha vida. Hoje em dia, as viagens entre Lisboa e o Minho são frequentes para poder gravar a novela da TVI.
Tem feito muitas viagens entre Lisboa e o Alto Minho?
"Bastantes. Semanalmente. São viagens grandes que se têm feito sempre em convívio para passarem mais depressa."
Agrada-lhe este tipo de trabalho?
"Acaba por se sair da rotina. E depois tem interesse se conseguimos mostrar uma zona que não estava assim tão divulgada quanto isso. Promovemos o turismo para a região."
É a primeira vez que tem de se deslocar para trabalhar?
"Sim. E é cansativo. Torna-se compensador porque vemos as pessoas de Arcos (de Valdevez) que nos ficam agradecidas."
Esta região, o verde, a forma de estar das pessoas são uma novidade para si?
"Não. Já conhecia Viana do Castelo e a região. Claro que, por acaso, em Arcos de Valdevez tinha estado apenas de passagem. Como também sou nortenha, as pessoas são-me familiares."
A sua personagem Luz refugia-se na região para fugir aos paparazzi...
"Claro, para encontrar a paz, não há sítio melhor."
Isso tem paralelo na sua vida pessoal?
"Não. Em Lisboa, não deixo de fazer uma vida normal. Só agora, com a época balnear, é que tenho mais a noção de que posso ser "apanhada" e tento ter cuidado. Não me sinto assediada a ponto de chegar a Arcos e respirar fundo porque ali estou recatada."
Mas tem a noção de que é uma espécie de ícone para a camada mais jovem? Quando começou a sentir isso?
"A partir do momento em que apareci. Não é por se ser considerado um ícone. É mesmo pela exposição que nos é imposta que deriva numa responsabilidade enorme, independentemente de como somos vistos, temos de gerir a imagem de forma a sermos um bom exemplo. É quase uma responsabilidade cívica."
Mas há uma espécie de febre Mariana Monteiro sobretudo entre os rapazes ou não sabe disso?
(risos)"O protagonismo é-me indiferente. Seja qual for a personagem, interpreto-a com o mesmo brio. A única diferença para mim é, de facto, o nível de trabalho que tem e o público, porque (quando se é protagonista) é-se mais abordada."
A Mariana teve uma ascensão meteórica. Começou com "Morangos com açúcar" e neste momento é co-protagonista de "Deixa que te leve". Como tem lidado com isso?
"Em quatro anos, mudou tudo, mas não mudou a minha base. Não mudaram os meus valores, os meus princípios. Mudou radicalmente a minha vida: fui morar sozinha, etc.. Quando nos apercebemos do impacto que tem a exposição em televisão, é de facto uma coisa estranha, à qual nos temos de ir habituando. Não sou uma pessoa que goste de aparecer por aparecer, gosto de aparecer ligada ao meu trabalho e gosto do contacto com o público. Lido bem com isso, mas também sinto cada vez mais necessidade da ligação à família, porque é importante mantermo-nos com os pés bem assentes no chão."
É daquelas pessoas que se sentem privilegiadas por fazer o que gostam?
"Sim. Às vezes, esquecemo-nos disso e não valorizamos, porque já temos as coisas que queremos. Eu dou valor ao que tenho. Há tanta gente boa e talentosa que está, por qualquer motivo, encostada, como é que eu não posso dar-me conta do privilégio que tenho, até porque sou muito feliz. Nunca fui tão feliz como no ano em que cheguei aos "Morangos". Como fazia teatro amador, era uma coisa que gostava de experimentar, mas nunca, nunca para fazer disso profissão. Era um hobbie, quase uma forma de libertar o excesso de energia e depois senti-me tão feliz, que pensava como: Como é que eu posso ser tão feliz? É estranhíssimo..."
Quando começou não estava a pensar ser actriz?
"Eu gostava de fazer os meus teatrinhos, não era uma actriz, nem nada que se pareça. Sinto, por exemplo, necessidade de uma formação mais teórica, mas quando falo em termos práticos, acho que todos os actores devem sentir algo, que é muito difícil de explicar, que acontece quando estamos a incorporar outro ser, não sei explicar." (risos)
Como é interpretar a Luz?
"É óptimo. É uma personagem com bom fundo, muito dinâmica, com muito boa energia e segura. Eu não tenho nada a ver com ela, não sou dona dessa segurança, e é interessante trabalhar numa zona tão distante de mim."
E o que é que a atrai no Pedro?
"Ela vai ver no Pedro aquilo que não tem à volta dela, num mundo de fundo falso. Depois conhece aquele Pedro genuíno e puro, e o que ela quer é sossego da Natureza. "
In: jornal de noticias (2009-07-19)
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